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Equidade entre homens e mulheres: caminho para uma sociedade mais justa

Chegou mais um 8 de março, Dia Internacional da Mulher. A data é celebrada no mundo inteiro e é um dia para repensar o papel feminino na sociedade. Quando se trata de mercado de trabalho, por exemplo, os números sempre são desanimadores. Os dados mais recentes divulgados na segunda edição do estudo “Estatísticas de gênero: indicadores sociais das mulheres no Brasil”, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelam que elas ainda enfrentam muita dificuldade para serem inseridas no mercado: das pessoas que estavam empregadas em 2019, 54,5% era formada por mulheres com 15 anos ou mais. Já entre os homens, esse percentual foi de 73,7%.

Quando o assunto é maternidade, os números são ainda mais desoladores. Para se ter ideia, o nível de ocupação das mulheres que têm filhos com até três anos de idade é de 54,6%, enquanto que aquelas que ainda não são mães, a taxa é bem maior: 67,2%.

Curioso é que, enquanto as mulheres enfrentam resistência do mercado por serem mães, os homens que são pais continuam a ser mais valorizados. A ocupação entre os que vivem com crianças até três anos é de 89,2%, taxa bem maior que a observada entre aqueles que não têm filhos nessa idade.

Os números são de 2019, mas certamente não mudaram muito. Ainda mais com a pandemia da Covid-19, que escancarou os problemas das desigualdades entre homens e mulheres no mercado de trabalho. Para se ter ideia, a taxa média anual de desemprego no Brasil foi de 13,5% em 2020. São cerca de 13,4 milhões de pessoas à espera de um trabalho no país.

Nem precisa dizer que as mulheres foram as mais afetadas pela crise causada pelo novo coronavírus. Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnadc) mostraram que 7 milhões de brasileiras foram demitidas ou tiveram que abandonar o emprego em razão da quarentena.

Além da perda de renda, elas estão com mais responsabilidades dentro de casa, uma vez que as creches e as escolas ficaram – e boa parte ainda estão – fechadas. Isso sem falar no aumento da violência doméstica durante o lockdown. Diante disso, o que nós, gestores, podemos fazer para diminuir os abismos de oportunidades profissionais entre homens e mulheres? Qual  nosso papel na construção de uma sociedade mais justa e equânime?

O fato é que, infelizmente, quem tem mais responsabilidades familiares costuma ser demitido primeiro. Por qual razão? Justamente porque essas pessoas têm menos disponibilidade de tempo e estão mais à frente dos cuidados da família e da casa. As mães são, ainda, as mais responsáveis por essa missão familiar.

É justo, então, dispensá-las? Tenho certeza que não. Penso que cercear a carreira dessas mães compromete o bem-estar familiar e, se prejudica a família, prejudica toda a sociedade. Para virar esse jogo, é preciso uma mudança comportamental a fim de conscientizar a sociedade de que o cuidado é dever e prioridade de todos, sejam homens ou mulheres.

Essas famílias precisam de redes de apoio e as empresas podem, e devem, ser protagonistas nesse processo. De que forma? Dando a oportunidade para que pais e mães sejam mais ativos e presentes na vida dos filhos, sem risco de perder espaço profissional na organização.

Vários estudos mostram que empresas que valorizam profissionais que têm filhos são mais produtivas e sustentáveis. Entre as mulheres, então, o índice de comprometimento é muito maior quando elas se sentem acolhidas no ambiente de trabalho: elas geralmente passam a ser mais organizadas e trabalham melhor em equipe após a chegada dos herdeiros.

Portanto, neste Dia Internacional da Mulher, convido todos os gestores a repensar ações que levem para suas organizações um debate sincero e profundo sobre equidade de gênero, a fim de promover uma mudança cultural forte e capaz de fazer líderes a enxergar a força feminina e a maternidade sob uma nova perspectiva.

Nós, do Sistema Conselhos Federal e Regionais de Administração (CFA/CRAs), já estamos nesse processo ao criarmos a Comissão Especial ADM Mulher, cuja finalidade é fortalecer, valorizar e ampliar a presença das profissionais de Administração no Sistema e, principalmente, na sociedade. Serão realizados diversos eventos para discutir ações que fomentem o protagonismo das mulheres no ambiente corporativo, seja ele privado ou público.

Que, este 8 de março, seja um dia para celebrações, mas, sobretudo, para profundas reflexões e ações. Ainda há um longo caminho a percorrer, mas precisamos unir forças para diminuir as desigualdades entre homens e mulheres, pois, só assim, teremos uma sociedade mais justa e fraterna.

 

Adm. Mauro Kreuz

Presidente do Conselho Federal de Administração

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